O lanche do corvo marinho
Tenho um amigo no Tejo a que chamo o "pato pescador". Ele mergulha, fica por lá um pouco e, de repente, aparece com um peixe, geralmente pequeno, mas hoje apanhou um grande. Aparece a subir ou a descer o Tejo e a primeira coisa que me faz lembrar é um Condor em miniatura. Mas não é! Não é nem pato nem condor! É um corvo marinho.
Sobe o rio, inclina-se para a esquerda e faz uma aterragem tipo papada
«Está ali o Ventor, vou voltar para trás»: disse ele!
Depois considerou melhor e disse: «acho que o melhor é ficar por aqui»! Mergulhou e eu fiquei de olho na sua subida à superfície, e zás!
Ei-lo com o lanche sacado às entranhas do Tejo. E, então, começa às voltas com o escamudo que hoje devia ter ficado encostado a uma rocha lá pelo fundo do rio.
Agora vai ser uma luta tremenda entre o caçador e o caçado
Um vira e revira e outro segura com tudo que tem!
Mais em cima mais em baixo, mais à direita mais à esquerda...
... a luta não acalma.
isto prova que o Senhor da Esfera fez tudo mal feito ...
... e que nada a fazer senão vivermos todos entrincheirados ....
... esperando sempre melhores dias
... neste mundo do salva-se quem puder.
Foi uma luta longa....
... e, enqunto ela se desenrolava,
... eu continuava a clicar, à espera do desfecho final.
No vira daqui, ...
... revira dali ...
... o corvo tentava amansar o peixe ...
... e o peixe opunha-se como podia.
Mantiveram uma luta sem tréguas ...
... numa espécie de agora tu, agora eu ...
... e parecia não haver fim nesta contenda!
Até aqui, com mais volta, menos volta, as coisas aguentaram-se, mas o peixe era grande demais e pisgou-se!
Mas aquele que eu chamava pato não foi pato de todo e foi no seu encalço. Uns segundos depois e ei-los no mesmo diálogo de morte em que só pode haver um vencedor e um vencido. Vida dura a de pato e a de peixe na sua luta pela sua sobrevivência. Mas aquele pato, só podia mesmo ser um corvo marinho!
Voltou tudo à primeira forma ...
... com apertão daqui, volve e revolve dali ...
... e aquela contenda a dois não terminava mesmo!
E não havia tréguas mesmo mas, de repente, ...
... a contenda torna-se favorável ao corvo marítimo, pois como se pode ver aqui ...
... e aqui, o corvo consegue apanhar a cabeça ao peixe, tal como as gibóias fazem.
E pronto! Com o peixe aos saltos dentro do "saco" do corvo, ele lá foi, Tejo abaixo, que até parecia que estava a ser levado pela corrente. Ainda me desejou um bom divertimento carnavalesco ao mesmo tempo que achava que ia ficar com uma grande indigestão. Mas na verdade, aquele meu amigo proporcionou a mim e mais algumas pessoas, entre elas um casal de ingleses um pedaço desta segunda-feira carnavalesca cheia de curiosidade por aquela luta que acabou mal para o peixe.
Amigo da onça, na verdade, que levou a morte até junto do Ventor.