Um País à Rasca
Não são só os jovens que estão à rasca!
É um país inteiro que está à rasca!
São os jovens que cada vez menos têm a capacidade mínima de poderem organizar a sua vida;
São os trabalhadores que saem de suas casas já "à rasca" por nem saberem como vai ser o seu próprio futuro, nesse próprio dia;
São os pais que trabalham e vivem sem a certeza de poderem continuar a alimentar os seus filhos;
São os avós que tiveram sempre uma vida incerta e mais incertos estão ao verem que os seus netos a terão ainda menos certa, vivendo sem qualquer esperança;
São os doentes que sabem que cada vez menos hipóteses terão de se tratar;
São os reformados que trabalharam uma vida para terem uma velhice enquadrada num futuro aceitável e já lhe estão a meter a mão no bolso, à descarada;
Enfim!

Estamos no Canto I, dos Lusíadas de Luis de Camões
O recado que trazem é de amigos,
Mas debaixo o veneno vem coberto;
Que os pensamentos eram de inimigos,
Segundo foi o engano descoberto.
Oh grandes e gravíssimos perigos!
Oh caminho de vida nunca certo,
Que aonde a gente põe sua esperança,
Tenha a vida tão pouca segurança!
Somos, portanto, um país à rasca. A nossa juventude sabe que vive o futuro num lamaçal viciado, ... cheio da sanguessugas, prontas a retirar-lhe o resto do sangue.
Pelo caminho que isto leva, apetece-me dizer ao José Sócrates, que arrume as coisas e se pire de vez e todos os sanguessugas que se juntaram a ele. Eles estão a destruir o que resta deste país!
Eles e a Europa da Senhora Merkel e mais meia dúzia de "sweets Gentelmen" ao seu serviço, em Bruxelas.
O povo português, neste momento, não sabe para onde se virar. Está na rua, como uma barata tonta, a observar os seus horizontes mas, pode ter de arrombar portas e janelas, a qualquer momento, para poder prosseguir no dia seguinte. Eu recordo a História e recordo que sempre houve algumas causas perdidas ou não, que levaram a Defenestrações, como a de Praga, séculos atrás e por todos os tempos. Portugal está maduro para que isso aconteça. Não me admirava nada se acontece-se mais rápido que muitos pensam.
E sabem uma coisa?
Neste país, os militares fizeram uma revolução, que já pouco falta para ter tanto tempo como teve a Ditadura de Salazar. Acabaram com a guerra e ofereceram-nos a liberdade para podermos falar, expor ideias, fazer de conta ... mas, entregaram, numa bandeja, o ouro aos bandidos! O ouro, nessa altura, era muito, os bandidos eram poucos e com essa revolução os bandidos passaram a ser muitos e o ouro a ser pouco. A Herança era muito pesada e começaram logo a fazê-la emagracer, porque a malta que tomou o poder, não estava habituada a trabalhar. Fizeram vir o FMI, roubaram-nos forte e feio e veio a Europa fazer-nos sonhar, reganhar confiança, voltar a ter esperança ...
A Europa começou a mandar dinheiro mas, neste mundo, como dizia alguém que fez muitos avisos, ninguém dá nada a ninguém. O que nos deram, foi uma espécie de esmola e os portugueses que faziam parecer que nos governavam, começaram, desde então e não vai há muito tempo, a caminhar por esse mundo europeu e não só, de mão estendida e, tal como o desgraçado do mendigo, continuam de mão estendida a ver se escorrega algum. Mas os que foram servindo o mendigo, portaram-se mal. Deviam ter aprendido o provérbio chinês. Em vez de ensinarem o mendigo a pescar foram-lhe atirando com um peixe de vez em quando e, agora, o mendigo não sabe pescar e não tem peixe!
Que vergonha eu tenho de toda esta gente que só sabe esmifrar! Até quando?
Hoje não é conversa de Tasca (nem lá posso ir beber um copo, no decurso de uma caminhada) mas, apeteceu-me dissertar. Vale isto, para dizer a todos que estão na rua, defendendo um lugar, ao sol, em Portugal, que estou com eles.